quarta-feira, 28 de outubro de 2009

By Banco Cruzeiro do Sul

Essas mulheres guerreiras do Brasil…

By Banco Cruzeiro do Sul

*Danielle Zangrando

Que demais a medalha de ouro da Maurren Maggi, no atletismo. Foi a primeira medalha de ouro do atletismo feminino. E mais que isso: o ouro individual inédito ganho por uma mulher em toda a história olímpica do Brasil. Demais Maurren! E desta o talento contou com a sorte: fomos nós que ganhamos por um centímetro. A Maurren saltou 7,04 metros contra 7,03 metros da russa Tatyana Lebedeva.

E logo a Maurren, uma guerreira nas pistas e na vida. Cumpriu suspensão por doping por dois anos – usou uma pomada que continha uma substância proibida numa sessão de depilação e pagou por isso. Teve uma filha, a Sophia, mas voltou do zero, sentindo dores quando tinha de treinar, reflexo do tempo parado. Mas foi à luta. Não desistiu. Treinou e treinou. E aí estão as medalhas para mostrar que vale a pena acreditar. Venceu o Pan do Rio e agora traz o ouro olímpico. “O Brasil acreditou em mim”, disse Maurren. “E pela Sophia que estou aqui”, homenageou a filha.

A Olimpíada está no fim. E um balanço prévio deixa claro que as mulheres do Brasil tiveram passagem marcante por Pequim. Foi uma quinta-feira arrasadora, com a seleção brasileira feminina de vôlei se impondo com bravura diante das campeãs olímpicas e donas da casa, a China, por 3 sets a 0. Jogo vencido com muita personalidade das jogadoras e inteligência tática do técnico José Roberto Guimarães.

E teve a incrível atuação da ponteira Mari, que enfim se libertou do peso ­que pairava desde Atenas/2004, quando tinha 19 anos – foi crucificada naquela histórica derrota diante da Rússia, na semifinal. Injustiça! Mas ela soube ter paciência e dar a volta por cima, ao lado de Paula Pequeno, Fofão, Sheilla e cia. Elas calaram um ginásio com 18 mil torcedores chineses.

No gramado do Estádio dos Trabalhadores, em Pequim, outras guerreiras brasileiras lutaram pela vitória no futebol diante dos Estados Unidos. Foi preciso mais de 90 minutos para decidir quem levaria a medalha de ouro para casa. Infelizmente, na prorrogação, as americanas venceram o jogo por 1 a 0 para levarem o tricampeonato olímpico. Mas as brasileiras jogaram com garra e perderam para um time com a disciplina tática exemplar, que caracteriza as equipes americanas de esportes coletivos.

Fica registrado meu apoio e admiração por mais uma medalha de prata conquistada pelo futebol feminino. O esporte nunca recebeu o apoio e o respeito que merece da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), enquanto o masculino tem todas as regalias.

Mesmo no dia das mulheres, vale o registro para um homem que tem estrela: Robert Scheidt. Nas águas de Qingdao, os ventos mais fortes fizeram da última regata uma disputa emocionante. A dupla brasileira da classe Star, Robert Scheidt e Bruno Prada, conquistaram a medalha de prata. Scheidt somou mais uma medalha aos dois ouros (Atlanta/1996 e Atenas/2004) e uma prata (Sydney/2000) que já tinha, na classe Laser.

Scheidt é um dos atletas olímpicos de maior destaque no Brasil. Igualou Gustavo Borges no número de medalhas olímpicas, com 4, e só fica atrás de um outro iatista mais velho que ele, Torben Grael, que tem 5.

Quem não conhece o iatista não imagina o quanto é determinado. E dedicado. Na Olimpíada de Atenas Scheidt saia pedalando às cinco da manhã, antes de ir para os treinos solitários em seu barco, cena de dedicação extrema. Parabéns Scheidt! Você é exemplo a ser seguido e um ídolo do qual o Brasil se orgulha.

Não posso deixar de registrar a participação de Nivalter dos Santos, da Baixada Santista, onde vivo, jovem de apenas 20 anos e pouco mais de três na canoagem. Foi o único representante do Brasil na canoa, ficou em 7º na semifinal, mas trará a experiência de Pequim. Tem talento e vigor físico para ir a outros Jogos. Parabéns ao Nivalter e ao técnico Pedro Senna pelo excelente trabalho!

Danielle Zangrando

Danielle Zangrando, de 28 anos, é judoca da equipe do Banco Cruzeiro do Sul. Já disputou Olimpíada e sabe a sensação. Desta vez, estará aqui no Brasil como comentarista da Globo e do SporTV. Danielle confessa seu amor ao esporte e ao judô.

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